O conceito central desta obra de Antônio Bispo é a contracolonização, que contrapõe de maneira provocativa o modo de vida quilombola ao da sociedade colonialista. Com uma linguagem única, repleta de "palavras germinantes", o autor apresenta uma visão urgente sobre os modos de viver, habitar e interagir com os outros seres e com a terra. Focando na Caatinga brasileira, especialmente no Quilombo Saco Curtume, no Piauí, Bispo denuncia a cosmofobia ? o medo do cosmos que fundamenta o mundo urbano eurocristão monoteísta ? e engaja-se em uma "guerra das denominações", desafiando e enfraquecendo a linguagem dos colonizadores.
Em sua abordagem ao debate decolonial, que ele entende como a superação do colonialismo, Bispo propõe a contracolonização, um modo de vida ainda não nomeado que antecede a própria colonização. Seu pensamento não é binário, mas sim fronteiriço e "afro-pindorâmico", buscando compreender o mundo de forma "diversal", composta por uma diversidade de ecossistemas, idiomas, espécies e reinos. A terra dá, a terra quer documenta de maneira inovadora muitos dos saberes transmitidos oralmente por esse "lavrador de palavras", abordando temas como agronegócio, cidades, favelas, condomínios fechados e arquitetura.
Percorrendo múltiplos universos, Bispo semeia poderosas reflexões sobre questões essenciais do nosso tempo, como ecologia, clima, energia, trabalho, cultivo e alimentação. Em face da mercantilização da vida e do conhecimento, este livro compartilha a força ancestral do ciclo de começo, meio e recomeço.
Autor: Antônio Bispo dos Santos, Santídio Pereira
Editora: Ubu
ISBN: 9788571261051
Tamanho: 13 x 1 x 18 cm
Páginas 112 páginas
Edição 1ª edição (29 maio 2023)