A centelha da revolução se espalha pela Fazenda Casa-Grande, mudando para sempre a vida dos animais que viviam sob a escravidão imposta pelo senhor Jones, o dono alcoólatra e negligente. Em pouco tempo, os bichos expulsam Jones e seus empregados, assumem o controle da fazenda, organizam a produção de alimentos e a manutenção do local, enquanto começam a se relacionar e fazer negócios com os humanos. Esse é o ponto de partida do clássico "A Revolução dos Bichos", uma fábula moderna essencial escrita por George Orwell, um dos maiores escritores do século XX. O início da história sugere um novo tempo para aqueles que acreditam em um mundo mais justo e igualitário. Contudo, à medida que a narrativa avança, somos levados a uma conclusão amarga, onde os sonhos são enterrados na lama e o desejo de liberdade se afunda em uma utopia inatingível.
A vida de Orwell talvez explique como sua obra culminou em "A Revolução dos Bichos". Nascido na Índia em 1903 como Eric Arthur Blair, ele se mudou ainda bebê para o interior da Inglaterra, na época ainda um império colonial. Orwell experimentou diversas facetas do imperialismo: estudou em um colégio de elite, viveu sem dinheiro pelas ruas de Paris e Londres, trabalhou em perigosas minas de carvão, atuou como policial na Birmânia, lutou contra os fascistas na Guerra Civil Espanhola, onde quase morreu ao ser baleado na garganta, presenciou os bombardeios nazistas na Segunda Guerra Mundial e, acima de tudo, foi um crítico feroz da sociedade de sua época. Essa trajetória é detalhada na graphic novel biográfica "1903: Orwell", publicada pela DarkSide® Books, com roteiro de Pierre Christin e arte de Sébastien Verdier, que também publicaram o clássico "1984", com tradução de Alexandre Boide e ilustrações de Verdier.
Embora estrelada por animais, "A Revolução dos Bichos" é uma obra que explora profundamente a natureza humana. Combinando fábula com alegoria política, o livro influenciou criadores em várias áreas, como Alan Moore, Terry Gilliam, Enki Bilal, Ray Bradbury, Pink Floyd, Radiohead, a série em quadrinhos "Fábulas" e os filmes da franquia "Planeta dos Macacos".
Publicado originalmente em 1945, muitas das ideias presentes em "A Revolução dos Bichos" já estavam sendo desenvolvidas muito antes, como podemos observar em algumas de suas cartas e ensaios, também incluídos nesta edição. Como menciona o editor Bruno Dorigatti na introdução, a obra "não apenas foi escrita no momento certo, mas também contou com a coragem do editor Fredric Warburg, que a publicou em 1945, em um período delicado, ainda nos estertores da guerra, quando Londres estava sendo bombardeada [...], a escassez de papel era um dos problemas, sem mencionar a temática 'inadequada' para o momento, já que a Rússia era uma aliada fundamental na derrota do nazifascismo".
A edição da DarkSide® Books inclui um perfil biográfico do autor, elaborado pelo pesquisador Romeu Martins, e um posfácio escrito pelo professor Vinicius Tomazinho, que afirma que a obra "pode ser interpretada de várias maneiras: uma história infantil com uma lição moral implícita; uma defesa dos direitos dos animais; uma defesa da utopia; uma narrativa sobre poder e corrupção; uma sátira à insanidade humana; uma reflexão sobre a política contemporânea e a história da Revolução Russa".
A edição da Caveira também apresenta dezenas de ilustrações criadas pelo artista Manu Maltez. Com seu traço fluido e expressivo, a revolução ganha o movimento necessário para transmitir o poder duradouro da obra de Orwell. "A Revolução dos Bichos" é um clássico incontestável que revela como, em todas as épocas, "todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros".
Autor: George Orwell
Editora: Darkside
ISBN: 9786555982923
Tamanho: ? 16 x 2 x 23 cm
Páginas 192 páginas
Edição 1ª edição (14 agosto 2023)
